No fundo, sempre achava que um dia voltaria para mim. Curtia e comentava algumas publicações dela. Quando consegui a confiança dela, entrei com a segunda fase do plano: convencê-la a falar do ex no caso, eu. Queria confissões. Ela disse que nunca me amou, me achava uma pessoa carente. Fiquei arrasado, mas continuei com a farsa. Eu a aconselhava a voltar a falar comigo. E foi o que fez.
Isto porque os primeiros contatos virtuais por e-mails e outras formas de conversa via computador eliminam o impacto iniciativo, o estigma, os preconceitos herdados culturalmente de quem vê pessoas com deficiência pela primeira vez. E hoje temos até site de namoro só para pessoas com deficiência — embora pessoalmente acho que seja uma maneira de formar guetos! Consequência disso pode ser o início de namoros. Um tempo para se conhecer, um treino para ter uma vida a dois restante prolongada, casar, ter filhos, uma parentela. Vale lembrar que passamos em média as duas primeiras décadas de nossa vida em companhia da família; mas quando escolhemos alguém para casar, além-mundo de completar nossas necessidades afetivas e existenciais, também estamos escolhendo o companheirismo de uma pessoa para cuidar e sermos cuidados por resto da vida!
Gosta de defender da sua percepção. Gosta de andarilhar de bicicleta, de ver futebol, de praia, de viajar, de passear, de pa. Senhor de 49 anos, Professor. Gosta de andarilhar, de ver, de praia e de mato. Meiga, trabalhadora, honesta com ela e com os outros, carinhosa, feminina, canteiro, oportuno, positiva e optimista. Senhor de 65 anos, Enfermeiro reformado, honesto, sincero, respeita compromissos. Gosta de aprender, de existir informado, de conversar, de viajar, de ver, de cinema e de jantar. Gosta de trabalhar e trabalha no que gosta. Ela procura Ele Professor de Geografia, 40 anos, bonito, com olhos expressivos.